domingo, 21 de agosto de 2011

E se passou um ano...[ 21|08|2011 ]


Você se lembra o que estava fazendo há exatamente um ano atrás?
Eu lembro. Tenho a certeza de que eu e mais algumas dezenas de pessoas lembramos exatamente.
Foi um dia de inverno completamente atípico em Pelotas, o dia estava quente e o sol brilhava no céu claro. Parecia, verdadeiramente, um presente de Deus.
Todos corriam, se apressavam pra deixar tudo pronto.
As meninas corriam mais, é verdade, do cabelereiro pro maquiador, dando os últimos ajustes nos vestidos. Em meio a correria, alguém aí se lembrou de coisas básicas, tipo comer?Relamente a cabeça estava em órbita.
Era difícil se concentrar, manter uma simples conversação com os amigos e familiares por telefone, que ligavam pra já cumprimentar, justificar sua ausência ou até mesmo, pra pedir as coordenadas pra chegar no Auditório do Campus da UFPel. É, realmente nem lembro se dei coordenadas inteligíveis, hoje penso que pode ter sido minha a culpa por alguns se atrasarem e até mesmo se perderem!
Falando em se perder, ninguém nunca vai esquecer da apreensão que passamos, quando nos demos por falta de uma das colegas formandas. Foram minutos tensos até que finalmente a nossa querida e nervosa Joelma, como sempre correndo chegou com ela e literalmente "enfiou" a toga rapidamente, em movimentos de fazer inveja a ninjas de grande gabarito. Mas enfim, não mencionemos nomes, né Wal?Hahahahah
Tudo certo, todo mundo lá, e aquele sentimento estranho só aumentava. Estranho mesmo, misto de alegria, sentimento de conquista, de "trabalho feito" com a já crescente saudade do convício diário com os colegas, com o medo do que estava por vir, do desconhecido e aquele sentimento de "o trabalho está só começando"...
Aconteceram alguns deslizes sim, era o vídeo que não entrava na hora certa, esquecemos ou até mesmo ignoramos o que tínhamos aprendido no ensaio. Normal!Afinal agora era com emoção, era pra valer! E, cá pra nós, num momento único como aquele, ninguém poderia me impedir ou impedir qualquer um de nós de cumprimentar toda a mesa de homenageados, fazer "montinho" nos colegas que estavam sendo chamados, gritar, dançar, comemorar!!!E nós fizemos tudo o que tínhamos direito...
Queridos colegas, agora Arquitetos e Urbanistas, naquela noite comemoramos o encerramento de um ciclo que sem dúvida foi um dos mais importantes períodos de nossas vidas. Entre amigos, colegas de profissão, mestres, pais e familiares, fizemos daquela noite, também um evento marcante. Durante cinco anos ( na verdade 5 anos e meio ao menos...), aprendemos a conviver com a diferença, sem necessariamente se tornar um diferente; a conviver com a dificuldade e sempre buscar as alternativas para superá-la, sem fazermos dela obstáculo; a aceitar as vitórias sem nos contagiar pelo sentimento de ganância e soberba.
Neste período, em todos os momentos em que estivemos nas ruas, em contato com as pessoas, nos foi muito comum os questionamentos sobre qual é o papel e o que faz o arquiteto urbanista para a Sociedade.
Não somos arquitetos e urbanistas por nós mesmos.Só seremos bons profissionais quando aprendermos a trabalhar em equipe, com multidisciplinaridade. A complexidade da cidade como sistema nos impões este desafio.
Os Arquitetos Urbanistas são pessoas dotadas de habilidades múltiplas, que transitam entre as ciências exatas, ciências humanas e sociais aplicadas, não desconsiderando também a necessidade em se conhecer, conviver e enfrentar questões pertinentes à área da saúde.
Dizia o Arquiteto Marco Vitrúvio, um dos primeiros homens a ousar escrever sobre arquitetura ainda na Idade Média, que “a ciência do arquiteto é ornada por muitos conhecimentos e saberes variados, pelos critérios da qual são julgadas todas as obras das demais artes. Ela nasce da prática e da teoria” Para ele prática “é o exercício constante e freqüente da experimentação, realizada com as mãos. Teoria, por outro lado, é o que permite explicar e demonstrar por meio da relação entre as partes e as coisas realizadas pelo engenho”  [1].Para Lúcio Costa, arquitetura é uma manifestação tolhida das artes, “é antes de mais nada, construção”, com o papel primordial de “organizar e ordenar o espaço para uma finalidade e determinada intenção.” [2] Ele insiste dizendo que tudo não passa de cenografia quando ela se perde em intenções meramente decorativas. Mas a intenção plástica é o que distingue arquitetura de uma simples construção.
Na história da humanidade, a arquitetura esteve sempre presente de uma maneira ou de outra, seja como uma forma de manifestação cultural; seja como manifestação artística; um sistema ou uma técnica de construção; ou mais recentemente quando ganhou características na produção, construção e formulação de nossas cidades. São estas cidades que estão determinando o nível de desenvolvimento dos países no mundo.Em outras palavras, sendo a produção das cidades uma de nossas atribuições profissionais, diria que o futuro do Brasil dependerá dos seus Arquitetos Urbanistas.
Enquanto estivemos dentro da Universidade, estávamos protegidos e blindados, de uma maneira que nos garantia a possibilidade de sonhar e pensar numa possível mudança de postura social, política e humana. Agora aqui, do lado de fora, nos cabe implementar boas idéias e manter nossa dignidade enquanto profissionais.
Que esta crença no possível nos torne pessoas melhores, nos faça profissionais sérios, comprometidos e engajados, e que através disso possamos continuar a sonhar e não temer pelo futuro.
Um feliz aniversário de um ano de formatura pra todos nós!!!Sinceramente foi um imenso prazer conhecer pessoas e profissionais como vocês!

Turma FAUrb UFPel 2010/1

CAROLINA PERAÇA DA SILVA
GABRIEL CABISTANY  BACHILLI
JEREMIAS FORMOLO
LUDMILA BANDEIRA LIMA BARROS
WALESCA DE SOUZA ZANONATO
ANDRÉ MANCINI CHOER
BERNARDO DAVID KROLOW
EDUARDO MATTAR RIEMKE
GABRIEL SILVA FERNANDES
MARCUS VINÍCIUS PEREIRA SARAIVA
NATÁLIA BORGES GONÇALVES
ROBERTA TABORDA SANTA CATHARINA
DANIELA AFONSO DA COSTA
GABRIELA DE ASSIS BRASIL BORCHHARDT
GIOVANA CORVO DA TRINDADE
LUCIANA FONSECA HOFF
MAYARA MARTINS VIEIRA
MÁRCIA LIMA WEYMAR
PAULA DA ROSA GOMES
BRUNO MARTINS PERES
HEBE MARTINS DAMÉ
JOSELINE DURANTE
LUCIANA DE JESUS MUNIZ
MARINA LANGE FUNARI DE CARVALHO
SABRINA LEAL RAU
THAÍS DEBLI LIBARDONI

1
POLIÃO, Marco Vitrúvio. Da arquitetura. Editora Hucitec, 2002, p. 49.
2
COSTA, Lúcio. Arquitetura. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2002, p. 21

3
COSTA, Lúcio. Arquitetura. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2002, p. 19

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